Notícia

Janaína Felisberto - Publicado em 21-02-2017 13:00
UFSCar representa o Brasil em evento internacional sobre conservação
Abelha Arapuá (Trigona spinipes), nativa do Brasil. Foto: Cristiano Menezes
Abelha Arapuá (Trigona spinipes), nativa do Brasil. Foto: Cristiano Menezes
A professora Roberta Cornélio Ferreira Nocelli, do Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME) do Campus Araras da UFSCar, foi convidada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para representar o Brasil no workshop Pesticide Exposure Assessment Paradigm for non-Apis Bees (Paradigma para avaliação de exposição a agrotóxicos para abelhas não-Apis), realizado de 10 a 12 de janeiro, na Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), em Washington (DC), juntamente com a analista do Ibama Karina Cham.

O evento teve como tema central a eficiência do modelo de avaliação de risco de agrotóxicos para polinizadores em uso hoje em dia. Os pesquisadores procuraram responder se o modelo aplicado atualmente é seguro e protetivo para todas as espécies de abelhas, para além da espécie Apis mellifera, para a qual o modelo já se mostrou eficiente. Nesse sentido, foi discutida a biologia de diferentes espécies e suas semelhanças e diferenças em relação à Apis mellifera

Há dois anos a professora Roberta é integrante do grupo de trabalho estabelecido pelo Ibama para a discussão e avaliação de riscos de agrotóxicos para polinizadores. Sua experiência com pesquisas na área motivou o convite para representar o Brasil no evento. “Foi uma experiência muito positiva. Apesar de muitas das espécies de abelhas existirem apenas no Brasil, a comunidade internacional reconheceu sua importância para a manutenção da biodiversidade e para a produção de alimentos no mundo. Também foi importante o reconhecimento recebido pelo trabalho que desenvolvemos no Brasil como referência para a região tropical e subtropical. A experiência possibilitou o contato mais direto entre pesquisadores de diferentes países e o estabelecimento de novas parcerias que trarão muitos benefícios para a UFSCar”, conta a docente.

Participaram do evento 37 especialistas do governo, da academia e da indústria, além de representantes da EPA, da California Department of Pesticide Regulation (CDPR) e da United States Department of Agriculture (USDA), dos Estados Unidos; da European Food Safety Authority (EFSA); da Pest Management Regulatory Agency (PMRA), do Canadá; da Agence Nationale de Sécurité Sanitaire de l'Alimentation, de l'Environnement et du Travail (ANSES), da França; e do Julius Kühn Institute (JKI), da Alemanha. O Brasil foi o único país do hemisfério sul a participar do evento. 

Resultados
A professora da UFSCar destaca que os resultados do encontro são muito importantes, tanto no âmbito biológico quanto no social, uma vez que a conservação das espécies de abelhas reflete diretamente na alimentação humana. “As abelhas são os principais polinizadores de áreas nativas e cultivadas e responsáveis pela produção de 1/3 dos alimentos importantes para a alimentação humana. Quanto mais investirmos em pesquisa e desenvolvimento de regras que garantam a sua conservação, mais avançaremos na segurança alimentar”, conclui Nocelli.

As discussões realizadas no workshop deram subsídios para questões que já vinham sendo discutidas pelo grupo de trabalho do qual a professora da UFSCar faz parte. No fim de janeiro, o grupo elaborou a nota técnica “Avaliação de risco de agrotóxicos para insetos polinizadores e lacunas de conhecimento”, que destaca os avanços ao conhecimento necessários para o aperfeiçoamento da avaliação de risco no Brasil. Esse documento foi enviado a todas as agências de fomento à pesquisa e está sendo divulgado amplamente, o que deve gerar uma grande demanda de trabalho para todos os pesquisadores da área.