Notícia

Adriana Arruda - Publicado em 21-03-2017 09:56
Projeto de economia solidária do CCA alavanca desenvolvimento regional
Encontro reuniu mulheres de assentamentos rurais. Foto: Liliane Alcântara e Karen Krull
Encontro reuniu mulheres de assentamentos rurais. Foto: Liliane Alcântara e Karen Krull
A interação entre a comunidade acadêmica de uma universidade e o público externo é um fator determinante para que o conhecimento se torne acessível a um maior número de pessoas. Aliada a isso, a criação de projetos sociais que empoderem comunidades locais com a construção de caminhos sustentáveis ao desenvolvimento é de essencial importância para o desenvolvimento socioeconômico regional. Foi unindo essas demandas que a professora Liliane Cristine Schlemer Alcântara, do Departamento de Desenvolvimento Rural (DDR) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSCar, idealizou e coordenou o projeto de extensão "Economia Solidária, Autogestão e Cooperativismo: (re)construindo caminhos alternativos ao desenvolvimento", realizado ao longo de 2016. A atividade contou com a participação da aluna bolsista Karen Nobre Krull, do curso de Agroecologia da UFSCar, e com a parceria da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e do Grupo de Pesquisa em Horticultura e Paisagismo (GPHeP) do CCA.

A atividade teve como principal objetivo promover um novo olhar sobre a economia solidária, autogestão e cooperativismo com um enfoque inovador e estratégico, unindo ações participativas transformadoras e sustentáveis em comunidades rurais. Para isso, o projeto reuniu profissionais capacitados junto a mulheres produtoras rurais dos Assentamentos Araras 1, 2, 3, 4 e Saltinho. Ao longo de sete meses, os participantes utilizaram uma metodologia pedagógica e participativa, baseada no diálogo, mesclando teoria e prática. Num total de oito encontros, as produtoras rurais, além de se apresentarem e contarem mais sobre seu dia a dia e realidade, retrataram - por meio de Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e Pedagogia de Projetos - as demandas e os desafios dos assentamentos. Foi a partir deste mapeamento que surgiram quatro frentes de trabalho: Cultivo, Cozinha Comunitária, Artes e Educação.

Num segundo momento, foi possível avançar na busca por solução aos problemas locais. "Após o diagnóstico da realidade dos assentamentos, as mulheres elegeram como prioritária a questão do cultivo e comercialização", relata Liliane. Com os encontros, constatou-se que os assentamentos produzem diversos legumes e verduras - como banana, laranja, mandioca, hortaliças -, além da criação de animais - frango, gado e suínos, que poderiam ser comercializados por meio de projetos cooperativos. "Ao enxergar esta oportunidade, surgiram duas atividades que beneficiam não só as participantes, como também a comunidade de Araras e região", afirma a docente. O Projeto 10 a 1, em parceria com o GPHeP, consiste na venda direta de cestas compostas por hortaliças e frutas a grupos de, no mínimo, 10 consumidores. As produtoras locais, organizadas em cooperativa, montam e entregam diretamente as cestas aos compradores; e como são sempre pelo menos 10 interessados nos produtos, os custos do transporte são diluídos.

A segunda ação foi a 1ª Feira de Economia Solidária, que aconteceu no Campus Araras da UFSCar e aberta ao público em geral. A atividade, realizada a partir de dezembro de 2016, divulga os produtos da agricultura familiar e promove o desenvolvimento rural nos princípios da Economia Solidária. A feira comercializou produtos como artesanato, geleias, doces, mel e hortaliças, cachaça artesanal e produtos orgânicos e apresentou oportunidades de turismo rural. Segundo Liliane, o 10 a 1 e a 1ª Feira de Economia Solidária fortaleceram as comunidades. "Estas iniciativas colocam em evidência o protagonismo das mulheres produtoras rurais; e a importância da autogestão, solidariedade, cooperativismo e integração social, além de proporcionarem a execução de projetos solidários de desenvolvimento", destaca a professora da UFSCar. 

Segundo Liliane, os encontros realizados no escopo do projeto de extensão promoveram a reflexão coletiva. "A atividade foi fundamental para promover a troca de saberes tácitos e explícitos com as comunidades locais, além de contribuir para a melhoria das práticas de ensino e pesquisa, possibilitando maior integração entre comunidade e academia. Também oferecemos às comunidades locais a possibilidade de serem protagonistas de seu processo de desenvolvimento", afirma a pesquisadora. Na opinião dela, as perspectivas geradas pelos projetos são positivas e devem continuar trazendo benefícios nítidos às comunidades interna e externa da UFSCar. "O intuito é acompanharmos o Projeto 10 a 1 por meio da capacitações de lideranças. O mesmo ocorre com a Feira de Economia Solidária, que é uma demanda das produtoras rurais. A ideia é justamente torná-la permanente na cidade de Araras com parcerias entre a Prefeitura e a Itesp", prevê Liliane.