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Gisele Bicaletto - Publicado em 26-04-2017 13:00
Acolhimento da USE reduz listas de espera e promove escuta qualificada
Acolhimento promove escuta qualificada aos usuários que chegam à USE-UFSCar. Foto: Acervo CCS
Acolhimento promove escuta qualificada aos usuários que chegam à USE-UFSCar. Foto: Acervo CCS
De acordo com a Política Nacional de Humanização (PNH) lançada em 2003, no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, o acolhimento significa reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhadores/equipes e usuários.

É com base nessa definição que a Unidade Saúde-Escola (USE) da UFSCar implantou em 2015 um novo formato do serviço de acolhimento aos usuários (crianças e adultos) que chegam à USE referenciados pela rede pública de São Carlos seja da área da saúde, da assistência social ou da educação. "Ouvir o usuário, entender a complexidade de saúde dele, o que ele precisa, e saber se a USE consegue atender a sua demanda". Esse é o papel do acolhimento na Unidade, de acordo com Juliana Menegussi, assistente social e coordenadora executiva da USE.

Segundo Izabel Cristina Frederico, coordenadora do acolhimento na Unidade, os usuários são encaminhados para o atendimento na USE pelas Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da Família, Centro Municipal de Especialidades, Santa Casa, Hospital Universitário, além dos encaminhamentos provenientes da Secretaria Municipal de Educação, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e de outras entidades públicas de São Carlos. O atendimento abrange também os municípios de Ibaté, Descalvado, Dourado, Porto Ferreira e Ribeirão Bonito. "Uma das nossas missões é prestar assistência qualificada e gratuita a todo cidadão dentro dos princípios do SUS de forma articulada com a rede pública de saúde", diz Frederico.

A idealização do acolhimento na USE contou com a participação de diversos profissionais. Dentre eles, estão Daniela Xavier e Gilve Bannitz, psicóloga e fisioterapeuta da Unidade. Para elas, o acolhimento se mostrou uma estratégia organizadora dos fluxos internos do setor; momento privilegiado de escuta da população que busca o serviço e um importante elemento para a formação dos profissionais da área de saúde. "Percebemos que essa estratégia se tornou imprescindível para que a USE receba o usuário de forma humanizada e possa direcionar o atendimento a suas necessidades com resolutividade", afirmam elas.

Em 2016, foram realizados 1.219 acolhimentos na USE-UFSCar. Para Menegussi, o trabalho do acolhimento conseguiu gerenciar e reduzir as listas de espera em que alguns usuários aguardavam por um período que não era o ideal para o atendimento em saúde. "O nosso trabalho no acolhimento ajudou não só a organizar o fluxo interno da USE, mas também o da própria rede municipal. Temos muitos desafios em relação a isso, mas estamos caminhado com avanços positivos. A equipe de técnicos da USE elaborou uma Ficha de Acolhimento mais integral e ampliada, com o objetivo de contribuir com subsídios prévios da história clínica do paciente para o atendimento que o profissional das Linhas de Cuidado vai oferecer a ele", afirma a coordenadora executiva, considerando também que esse trabalho impacta em melhorias diretas na qualidade do atendimento humanizado ao usuário.

Um diferencial do acolhimento na USE é a escuta qualificada. "Isso significa ouvir o usuário para além da marca da doença. Às vezes, o paciente vem com uma queixa específica, mas durante a escuta qualificada, percebemos outras demandas de cuidado para além do que ele foi encaminhado", relata a assistente social. As equipes da USE procuram, então, oferecer um atendimento, a partir do entendimento integral do indivíduo. "Há usuários que já percorreram toda a rede pública, fizeram uma longa peregrinação. Quando chegam à USE, eles têm esse espaço para serem ouvidos, acolhidos e, mesmo que não sejam atendidos aqui, eles saem com orientação e encaminhamento qualificado", garante Menegussi.

Atualmente, a área na qual a USE é mais demandada é a de Fisioterapia, que tem a fila de espera mais longa. "A maior parte do atendimento de Fisioterapia, em média complexidade, da cidade de São Carlos é feita na USE. Foi com o próprio acolhimento que conseguimos levantar essa informação que nos ajuda a entender os fluxos de atendimentos e as principais demandas da população", conclui Menegussi.

Além da equipe técnica assistencial, o acolhimento tem realizado, desde 2016, parcerias com as docentes Giovana Garcia Morato, do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO), e Ana Carolina de Campos, do Departamento de Fisioterapia (DFisio), que oferecem aos alunos, como complementação ao estágio curricular, a vivência no serviço de acolhimento. "O acolhimento é muito importante para o estabelecimento do vínculo com a equipe de saúde e queremos estimular os alunos a valorizarem este momento. Dispondo da vivência do acolhimento, buscamos formar profissionais aptos a promover ambientes acolhedores nos espaços de saúde em que trabalharem", avalia Campos.

O Acolhimento da USE-UFSCar funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas.

Gerenciamento de dados
Outra forma de colaborar com as ações destinadas à contínua melhoria da qualidade dos atendimentos oferecidos pela USE é a estruturação de um setor dentro da Unidade que será responsável pelo gerenciamento de dados. A atividade é essencial para a produção de indicadores em saúde que subsidiem ações da gestão dos processos de trabalho.

Patricia Cristina Magdalena é administradora da USE e conta que, para estruturar a área de gerenciamento de dados, a Unidade tem parceria com os cursos de Ciência da Computação e de Engenharia de Produção da UFSCar. O Programa de Educação Tutorial do bacharelado em Ciência da Computação (PET/BCC) está desenvolvendo um software de prontuário eletrônico para a USE. "O trabalho é complexo e está em fase de finalização do módulo de dados cadastrais. Ainda não temos a previsão de quando estará finalizado, mas as expectativas são boas", relata Magdalena. 

A parceria com a Engenharia de Produção é feita por meio do projeto de extensão "Gestão por Processos e Qualidade na Unidade Saúde-Escola". O objetivo é introduzir a cultura da gestão por processos e da qualidade em serviços de saúde, a partir do mapeamento dos processos-chave nos setores de recepção, acolhimento, prontuários e gerenciamento de dados. "A ideia é auxiliar no desenho dos processos administrativos da USE, mapeando e modelando esses processos, e na gestão, por meio de indicadores de desempenho e de qualidade, visando fornecer suporte para a melhoria contínua na organização", explica a administradora.

"A diagramação dos fluxos de trabalho e a formalização das rotinas de atividades permitirá a identificação de falhas e a promoção de ajustes", acredita Magdalena, que também defende que essa organização impactará diretamente na qualidade dos serviços ofertados aos usuários, já que as atividades administrativas são essenciais para a que o atendimento ao paciente seja realizado de modo efetivo.

Para mais informações sobre a USE, acesse www.use.ufscar.br.