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Gisele Bicaletto - Publicado em 31-05-2017 13:00
Pesquisadora da UFSCar estuda a biodiversidade subterrânea na China
Feição carbonática onde ocorrem cavernas na China. Foto: Pesquisadora (Caters News Agency)
Feição carbonática onde ocorrem cavernas na China. Foto: Pesquisadora (Caters News Agency)
Conhecer a anatomia e o comportamento de peixes isolados nos ambientes subterrâneos. Este é o objetivo da pesquisa "Chinese cavefishes: morphology and behavior (Peixes cavernícolas da China: morfologia e comportamento)", realizada pela professora Maria Elina Bichuette, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) da UFSCar. O estudo é feito em parceria com Yahui Zhao, do Institute of Zoology da Chinese Academy of Sciences (CAS), em Pequim (China), e Daphne Soares, do New Jersey Institute of Technology (NJIT), nos Estados Unidos.

O estudo tem financiamento do governo chinês, que tem investido em estudos focando a biodiversidade do País, que possui o carste mais importante do mundo, com cavernas e uma fauna ainda pouco conhecida. O carste é um tipo de terreno formado pela corrosão de rochas calcárias e caracterizado por leitos subterrâneos, cavernas, dolinas, grutas etc. A professora da UFSCar ficará cerca de sete meses na China desenvolvendo trabalhos de campo e coletando amostras de peixes cavernícolas e outros grupos de animais. No ambiente natural, a docente fará observações do comportamento animal e, em laboratório, vai analisar a anatomia das espécies, a partir de imagens capturadas com a tecnologia de CT-Scan (tomografia computadorizada), que serão analisadas no NJIT.

A pesquisa terá duração total de um ano e, de acordo com Bichuette, a expectativa é publicar seus resultados em periódicos de alto impacto, já que eles deverão auxiliar no entendimento da evolução do comportamento e de caracteres anatômicos relacionados ao isolamento em cavernas. Além disso, "os resultados serão inéditos, pois faremos coletas em áreas ainda não investigadas quanto à biodiversidade subterrânea".

A ideia da investigação atual surgiu de uma cooperação informal entre a pesquisadora da UFSCar e Daphne Soares (do NJIT), que tinha por objetivo estudar a neuroanatomia de peixes de cavernas no Brasil. O convite para Maria Elina Bichuette integrar o trabalho na China foi feito também por conta de sua experiência na área da pesquisa, já que atua com ênfase em padrões faunísticos de habitats subterrâneos. Na UFSCar, a docente coordena o Laboratório de Estudos Subterrâneos. Bichuette acredita que essa parceria será uma abertura para a realização de projetos futuros, inclusive com os estudantes da UFSCar e de outras instituições brasileiras.