Notícia

Gisele Bicaletto - Publicado em 17-04-2018 13:00
Pesquisa analisa desafios da profissionalização cultural em SP
Jovens que atuam com arte e cultura em SP são convidados para pesquisa da UFSCar (Foto: Pixabay)
Jovens que atuam com arte e cultura em SP são convidados para pesquisa da UFSCar (Foto: Pixabay)
Compreender as possibilidades e os desafios dos processos de profissionalização e geração de renda de jovens adultos em atividades artístico-culturais na cidade de São Paulo (SP). Este é o objetivo principal da pesquisa de mestrado "Trabalho, cultura e jovens artistas: mainstream ou resistência?", desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional (PPGTO) da UFSCar, por Ana Carolina da Silva Almeida Prado, sob orientação de Carla Regina Silva, docente do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO) da Instituição.

A ideia da pesquisa surgiu durante um projeto de iniciação científica de Almeida Prado, que buscou compreender as possibilidades e os desafios dos processos de profissionalização e de fomento às criações e produções teatrais em grupos formados ou protagonizados por jovens da cidade de São Carlos (SP) e sua correlação com as políticas públicas culturais. A pesquisa foi realizada entre 2013 e 2015, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Na mesma época, a pesquisadora também participou de um programa de extensão na mesma área, que teve financiamento do Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação (ProExt) e apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UFSCar. "A partir do que levantamos nessas pesquisas de iniciação científica, surgiu meu interesse por maior aprofundamento na temática abordada", revela a mestranda.

Para Almeida Prado, a sociedade vive um "momento de transição em que o fracasso de um modelo, que só faz aumentar a desigualdade entre as pessoas, leva à necessidade de uma inversão dessa lógica e à precisão de retomar o que havia sido deixado para trás na Revolução Industrial, a valorização da criatividade e a exploração do seu potencial econômico". Para ela, a economia criativa é um exemplo disso por ter produtos e serviços criativos com potencial de mercado. Além disso, a escolha do local da pesquisa - capital paulista - se justifica por São Paulo ser um polo cultural do País, sendo mais urgente a compreensão acerca dessa temática.

Para realizar o estudo estão sendo convidados trabalhadores e trabalhadoras do campo da cultura de São Paulo, com idade entre 25 e 29 anos, que tenham como principal atividade laboral o trabalho com arte e cultura. Os artistas interessados receberão roteiros estruturados para o preenchimento online de informações de caracterização dos sujeitos e de suas atividades de trabalho, com as devidas autorizações para uso dos dados fornecidos. Posteriormente, a pesquisadora fará entrevistas presenciais com esses artistas e/ou produtores culturais identificados, para levantar questões como: histórico; identificação das atividades realizadas; perspectiva de geração de renda, principais desafios e dificuldades encontradas para a geração de renda; estratégias e formas adotadas para a organização e venda do trabalho e formas de criação artística; motivação para exercer a atividade artística; constituição de identidades, dentre outras.

A partir desse levantamento, além de compreender as possibilidades e desafios de profissionalização dos jovens que exercem atividades artístico-culturais em São Paulo, a expectativa da pesquisadora é avaliar se as atividades humanas desse público são moldadas e influenciadas pelo sistema capitalista neoliberal. Depois, Almeida Prado aponta que poderá contribuir com a criação de novas formas e possibilidades para a profissionalização da criatividade. "Frente à desigualdade social e ao desemprego crescentes em nosso País, essa pequisa pretende colaborar na medida em que se realiza um diagnóstico da realidade enfrentada por essa população, possibilitando, assim, a construção de políticas públicas que abarquem de fato as necessidades desses sujeitos e, também, novas formas e caminhos de reflexão e prática profissional no campo da cultura", conclui a mestranda da UFSCar.

Os artistas interessados em participar da pesquisa podem preencher o formulário online ou entrar em contato com a pesquisadora até o dia 30 de junho pelo e-mail almeidaprado.ahto@gmail.com ou pelos telefones - mensagens por WhatsApp - (11) 98380-6961 ou (14) 98164-2186. A participação na pesquisa é voluntária, sem remuneração.

Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 77746617.1.0000.5504).