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Fabricio Mazocco - Publicado em 14-09-2018 13:00
Livro da EdUFSCar aborda mercados ilegais e formas de vida
Capa do livro lançado pela EdUFSCar (Imagem: Divulgação)
Capa do livro lançado pela EdUFSCar (Imagem: Divulgação)
A EdUFSCar está lançando o livro "Sobreviver na adversidade - mercados e formas de vida", de autoria de Daniel Veloso Hirata. A obra conta com o apoio do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e integra a Coleção Marginálias de Estudos Urbanos.

O livro é resultado da tese de doutorado que Hirata desenvolveu na área de Sociologia, na Universidade de São Paulo (USP), e também de projeto coordenado pela professora Vera Telles, na mesma universidade. "A pesquisa teve início em 2001, quando procurávamos entender as transformações do mundo do trabalho e do mundo urbano, as chamadas reestruturação produtiva e reconfigurações urbanas em São Paulo. O que foi acontecendo ao longo dos estudos é que os temas dos mercados informais e ilegais foram se impondo no trabalho de campo e os objetivos do projeto e de minha própria pesquisa foram mudando nessa direção, mas sem abandonar essa perspectiva mais geral", explica Hirata.

Para o autor, o livro trata do "sobreviver na adversidade" - que não se confunde com as estratégias de sobrevivência das camadas populares - , mas está relacionado à expressão de Willian da Silva Lima que, no livro "400 contra 1", ao abordar o surgimento do Comando Vermelho, dizia que não seria fácil acabar com a facção porque não era apenas uma organização e sim uma "forma de sobreviver na adversidade". "Aquilo nunca saiu da minha cabeça e veio à tona quando pensei o título. Por um lado, procurei explorar as diferentes inserções nos mercados informais e ilegais; por outro, a construção de uma forma de conduta que atravessa essa inserção. Ao fim e ao cabo, seguindo essas duas direções, busquei chamar a atenção para a vida nas periferias paulistas naquele momento", detalha o pesquisador.

A obra é dividida em duas partes. Na primeira, o autor estabelece a perspectiva sociológica a partir da qual as histórias serão contadas. Já a segunda parte é a apresentação da pesquisa de campo. São três cenas: uma birosca, uma linha de perueiros e um ponto de venda de drogas. Em cada uma delas, uma trajetória diferente: a do Piolho, a do Hernandes e a do Paulo. "A tentativa foi de mostrar a variedade e heterogeneidade de cada um desses percursos e desses pontos de inscrição da economia popular, suas relações com as forças da ordem que, supostamente, existem para combater essas práticas e que acabam funcionando como agentes reguladores desses mercados", explica o autor.

Sobre os resultados alcançados, Hirata acredita que existe uma contribuição relacionada à tentativa de construção de uma certa perspectiva de análise para a Sociologia Urbana, expressa na primeira parte do livro. Na segunda parte, há contribuições sobre os mercados populares situados entre a informalidade e ilegalidade (os ilegalismos) e as suas relações com os instrumentos de governo que procuram controlar e reprimir essas práticas econômicas. Mais informações podem ser obtidas no site da EdUFSCar.