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Mariana Pezzo - Publicado em 13-11-2018 15:00
Docente da UFSCar integra busca internacional por tecnologia disruptiva
Pesquisador destaca oportunidade rara para pensar também o Brasil (Foto: Acervo pessoal)
Pesquisador destaca oportunidade rara para pensar também o Brasil (Foto: Acervo pessoal)
Victor Carlos Pandolfelli, docente do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, foi selecionado para integrar o conselho de um comitê internacional que discute o futuro e o mercado dos materiais cerâmicos. Participam também do grupo, que é multidisciplinar, Brian Thomas, da Colorado School of Mines, Estados Unidos, com experiência em simulação computacional; Bill Lee, do Imperial College of London, Inglaterra, especialista em materiais para ultratemperaturas e aplicações nucleares; François-Xavier Rousselot, da França, Vice-Presidente de Dados Globais e Estratégia de Inteligência Artificial na Aptus Health, companhia na área da Saúde; e Stephan Borgas, Presidente da RHI Magnesita, empresa sediada na Áustria à qual o comitê está vinculado, líder mundial na área de refratários (materiais capazes de suportar altas temperaturas sem perder suas propriedades físico-químicas).

A primeira reunião aconteceu em setembro deste ano, em Viena, na Áustria, que voltará a receber os pesquisadores em março de 2019. A equipe discutirá, ao longo dos dois próximos anos, o futuro e o mercado dos materiais cerâmicos para aplicação em altas temperaturas, visando tecnologias disruptivas. "Nosso papel é fazer uma espécie de 'futurologia tecnológica', indicando caminhos para os investimentos em pesquisa e desenvolvimentos na área. Nos perguntamos, por exemplo, que novas soluções podem existir para processos que sempre foram efetuados na forma corrente e, também, que expectativas do mercado ainda não foram atendidas, dentre outras questões", descreve o pesquisador. A ideia é que os encontros aconteçam a cada seis meses e resultem, após o prazo de dois anos, em um planejamento das ações a serem concretizadas no futuro. Pandolfelli destaca sobretudo como a diversidade de áreas do conhecimento, competências e experiências reunidas no comitê confere riqueza à reflexão realizada. "É uma oportunidade rara, que nos enriquece muito o ensino, a pesquisa e os projetos de extensão. Um dos integrantes, por exemplo, atua na indústria farmacêutica, mas com muita experiência em inteligência artificial, redes neurais, assuntos com grande potencial para o mercado de refratários nas áreas de logística, gestão e marketing. Nesse diálogo, entramos em um trabalho constante de visualização de informações que nos desafia positivamente, fazendo justamente com que busquemos praticar tecnologias disruptivas e pensar totalmente fora da caixa", avalia o pesquisador brasileiro.

Trazendo essa reflexão para o contexto brasileiro, Pandolfelli comenta como, enquanto o País ainda está vivenciando a chamada "indústria 3.0" - marcada pela robotização - ou menos, no mundo já se fala na indústria 5.0, na qual se busca equacionar uma boa relação de trabalho entre robôs e seres humanos. "A robotização e a comunicação entre robôs, assim como o emprego da inteligência artificial (marca da indústria 4.0), geraram reflexões sobre o lugar a ser ocupado pelo ser humano. Com os atrasos que temos na área da Educação no Brasil, o que faremos, por exemplo, para que as pessoas tenham a qualificação para criar novos negócios?", questiona o pesquisador. "Hoje em dia, a duração das novas tecnologias é muito mais limitada, e o Brasil em geral é lento, porque vive da adaptação de tecnologias desenvolvidas em outros países, ou fechado em um mercado interno pouco exigente, pagando caro por um produto ou um serviço precário. Se não sairmos deste isolamento e não melhorarmos, sobretudo, a Educação, não há como competir. Por isso, precisamos descobrir qual é o nosso negócio e sermos bons nele", complementa. "Adicionalmente, precisamos descobrir no que podemos ter liderança, e não apenas tentar imitar outros países. Nós não precisamos ser reconhecidos por conseguirmos fazer algo igual a outros países, podemos ser reconhecidos pelos nossos diferenciais positivos", conclui.