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Mariana Pezzo - Publicado em 29-08-2019 17:00
UFSCar reflete e planeja inovações no ensino de Engenharia
Logomarca foi criada já pensando no transbordamento para outros cursos (Imagem: CCS/UFSCar)
Logomarca foi criada já pensando no transbordamento para outros cursos (Imagem: CCS/UFSCar)
Em agosto, o Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET) da UFSCar passou por duas experiências importantes de reflexão e planejamento de inovações no ensino de Engenharia. No dia 22, o Centro recebeu Vanderli Fava de Oliveira, Presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge), para reunião e palestra sobre as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de Engenharia. No dia seguinte, na programação da IX Semana de Engenharia de Materiais (SEMa), docentes e estudantes da UFSCar e do campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) se debruçaram sobre o tema, em roda de conversa sobre inovação em ensino que marcou, também, o lançamento oficial da marca "Movimenta Materiais" para designação do projeto institucional de modernização do curso de graduação em Engenharia de Materiais, que integra o Programa Brasil-Estados Unidos de Modernização da Educação Superior na Graduação (PMG-EUA), patrocinado pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Comissão Fullbright (voltada ao intercâmbio cultural entre Brasil e Estados Unidos).

Na abertura da sessão com o Presidente da Abenge, o Diretor do CCET, Luiz Fernando de Oriani e Paulillo, registrou o papel do evento no esforço de transbordamento do projeto para os demais cursos do Centro, ideia consolidada na expressão Movimenta CCET. Em seguida, o convidado aproveitou a oportunidade para apresentar a Abenge e suas atividades e situar o contexto em que a Associação se lançou à elaboração das novas DCNs. "Estas são diretrizes para o futuro. O foco já não está mais no 4.0, em melhorias só na produção das indústrias, mas sim na melhoria da qualidade de vida, no cuidado com as pessoas, o que exige um novo perfil profissional e, até mesmo, novas profissões, emergentes. Assim, era preciso questionar se as escolas de Engenharia estão formando esses profissionais, com o perfil adequado ao que já é chamado de 'Sociedade 5.0'", posicionou Oliveira. As novas DCNs - que vieram substituir documento de 2002 - foram homologadas em abril deste ano, a partir de parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do trabalho da Abenge em conjunto com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e com a Mobilização Empresarial pela Inovação, fórum da Confederação Nacional da Indústria (MEI/CNI). O prazo para implantação é de três anos.

Durante a sua visita, Oliveira abordou algumas das principais características das novas diretrizes, com destaque à ideia de competências a serem desenvolvidas, em oposição a conteúdos a serem obrigatoriamente apresentados. O documento, em seu Artigo 4º, elenca oito competências gerais esperadas dos egressos da graduação em Engenharia. "Hoje, tendemos a um sistema fragmentado, com disciplinas sem conexão entre elas e que apresentam um saber descontextualizado. A preocupação do estudante é em passar na prova, decorar conteúdos que ele não sabe para que servem. A própria ideia de 'grade curricular' ilustra esse modelo com conteúdos estanques, de 'aprisionamento' do aluno. A ideia agora não é mais que o aluno saiba um conteúdo, mas sim que ele saiba o que fazer com aquilo que está aprendendo", afirmou o dirigente da Abenge. "Para tanto, para saber o que fazer, o fazer é muito importante para a aprendizagem, e por isso as diretrizes também valorizam as metodologias de aprendizagem ativa", complementou. Outros aspectos destacados por Oliveira foram a criação de mecanismos de acolhimento de novos estudantes, visando reduzir os índices de retenção e evasão, e a atenção à formação do docente. "Precisamos admitir que não somos formados para a docência e, portanto, que precisamos de formação", defendeu.

Movimenta
Na roda de conversa que aconteceu durante a SEMa, Lidiane Cristina Costa, docente do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) que coordena um dos grupos de trabalho do Movimenta Materiais, apresentou o logotipo do projeto afirmando que ele representa o compromisso da Instituição com o ensino e, mais do que isso, com o movimento do ensino. "O nosso curso é reconhecidamente um curso de excelência, mas a gente não se contenta com isso. O mundo está em movimento, o mercado também se move, e nós trabalhamos, todos juntos - servidores docentes e técnico-administrativos e estudantes, e diferentes unidades da UFSCar -, para oferecer a melhor formação possível", registrou. A marca foi desenvolvida por Luiz Gambardella, à época estagiário na Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da UFSCar, sob a supervisão de Matheus Mazini Ramos e Mariana Pezzo, profissionais da CCS.

Além de Lidiane Costa, também participaram do encontro sobre inovação no ensino Alessandra de Almeida Lucas, docente do DEMa que é Vice-Coordenadora do curso de Engenharia de Materiais desde o fim do primeiro semestre, e Daniel Rodrigo Leiva, que coordenou o curso nos últimos quatro anos e permanece à frente do Movimenta Materiais, junto com a Direção do CCET. Completaram o grupo cerca de 30 estudantes, o que foi muito destacado pelos docentes. "É marcante esse interesse de vocês, a garra em contribuir com o curso. E a nossa expectativa, no escopo do projeto, é justamente que consigamos motivar cada vez mais a comunidade de Engenharia de Materiais", destacou Leiva. "Falar em ensinar pode pressupor que alguém que sabe mais vai transmitir esse conhecimento para outra pessoa. Mas a educação é processo, em que todos somos responsáveis, instituição, gestão, coordenação de curso e, é claro, professores e alunos. Não há como transferir competências", complementou, estabelecendo o vínculo com o debate sobre as DCNs. "Todas as pessoas têm capacidade de aprender, mas o processo não é o mesmo para todos. Por isso, além das experiências de acolhimento que já estamos planejando, eu quero registrar que ninguém precisa sofrer sozinho. É importante aprendermos a reconhecer as nossas dificuldades, agir para mudar o que é possível e pedir ajuda sempre que necessário", acrescentou Lucas.