Notícia

Mariana Pezzo - Publicado em 12-11-2019 13:00
Docentes compartilham experiências inovadoras em ensino de Engenharia
Docentes destacaram espaços maker, como o da Universidade do Texas (Arquivo pessoal)
Docentes destacaram espaços maker, como o da Universidade do Texas (Arquivo pessoal)
De 23 de setembro a 3 de outubro, docentes do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar integraram a comitiva do Programa Brasil-Estados Unidos de Modernização da Educação Superior na Graduação (PMG-EUA) que visitou nove universidades nos EUA que são referência no ensino de Engenharia. A Universidade é uma das oito instituições nacionais selecionadas para participar do Programa, com seu curso de graduação em Engenharia de Materiais, em iniciativa intitulada "Movimenta Materiais". Participaram da viagem aos EUA Alessandra de Almeida Lucas, atual Vice-Coordenadora do curso, e Carlos Henrique Scuracchio, junto a dois representantes de cada uma das outras instituições participantes; da Comissão Fulbright e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), financiadoras do PMG; da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil; e do Conselho Nacional de Educação.

Nos EUA, a comitiva foi dividida em dois grupos. O primeiro, com participação de Alessandra Lucas, foi para o Meio-Oeste, visitando a University of Notre Dame, a University of Illinois e a Purdue University. O outro, do qual participou Scuracchio, foi para a Costa Leste, visitando o Massachusetts Institute of Technology (MIT), a Harvard University, Olin College of Engineering, University of Pittsburgh e Rice University. Ambos se encontraram em Austin, na University of Texas.

Em reunião aberta no dia 23 de outubro, no auditório do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET), Lucas e Scuracchio compartilharam suas principais impressões da viagem de estudos com a comunidade interessada da UFSCar. Alessandra Lucas iniciou sua apresentação destacando alguns desafios em comum entre os dois países, como o "choque do primeiro ano", problemas na formação em Matemática dos ingressantes e problemas relacionados à Saúde Mental dos estudantes, como ansiedade e depressão. A docente destacou, no entanto, que todas as universidades visitadas têm programas de acolhimento desses alunos no primeiro e, às vezes, inclusive no segundo ano, que contam com equipes multidisciplinares e com a participação dos estudantes que já estão há mais tempo nas universidades. Com base no que viu nos EUA e, também, em esforços que já estavam em andamento antes da viagem, a Vice-Coordenadora do curso de Engenharia de Materiais compartilhou com os presentes o planejamento para o início de ações de acolhimento já em 2020.

Outro aspecto destacado por Alessandra Lucas foi a prevalência do conceito de "Hands On Engineering" (Engenharia Mão na Massa), com a existência de vários "espaços maker" muito bem equipados - e, em vários casos, abertos 24 horas por dia - e o envolvimento dos estudantes em projetos de Engenharia desde o início do curso, muitos deles derivados de desafios propostos por empresas. Scuracchio, em sua apresentação, enfatizou características dos espaços físicos das universidades visitadas, com várias convergências em relação às impressões da colega que foi para o Meio-Oeste. O docente falou, por exemplo, das salas de aula vinculadas ao projeto TEAL (Technology Enabled Active Learning - aprendizagem ativa apoiada em tecnologia), do MIT, cuja organização visa facilitar e promover a aprendizagem colaborativa, com espaços para trocas entre estudantes, na chamada instrução por pares. "Uma coisa que nos marcou, em várias das instituições visitadas, é como a universidade inteira pode se tornar um ambiente de aprendizado, com espaços para o encontro entre os alunos, quadros nos corredores, para que um estudante possa explicar algo para o outro", registrou Scuracchio, que também destacou os espaços maker e a proximidade das empresas.

Durante o debate, houve convergência em relação à necessidade de adaptar as experiências estrangeiras à realidade brasileira, especialmente considerando os recursos disponíveis, bem como de ser criativo para superar dificuldades como, por exemplo, os currículos com carga horária excessiva, o que exige inovação na própria sala de aula para que os estudantes possam ter, desde já, experiências mais autônomas de ensino-aprendizagem. A visita de Lucas e Scuracchio foi somente a primeira de uma série prevista para os oito anos de duração do Movimenta Materiais, com missões aos EUA de docentes selecionados por editais, visitas de especialistas dos EUA à UFSCar e, também, missões aos EUA de doutorandos e pós-doutorandos aprovados em editais, os chamados "assistentes". No momento, inclusive, já há assistentes viajando, e também está em missão nos Estados Unidos o docente Waldeck Schutzer, do Departamento de Matemática (DM).

Há um compromisso da equipe do Movimenta com o compartilhamento dessas experiências, inclusive porque um dos objetivos do Programa é o transbordamento para os demais cursos do CCET. Na reunião do dia 23, o Coordenador do curso de graduação em Engenharia de Materiais, Conrado Ramos Moreira Afonso, também compartilhou sua experiência em um outro evento, o primeiro workshop na América Latina do Grand Challenges Scholars Program, realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o tema "Grandes Desafios da Engenharia para o Século XXI". Ainda em 2019, novas reuniões abertas do Movimenta Materiais devem ser realizadas. Mais informações sobre a iniciativa podem ser conferidas em matérias publicadas no Portal da UFSCar, e pessoas interessadas em obter mais detalhes sobre a primeira missão aos EUA podem entrar em contato com Alessandra Lucas e Carlos Scuracchio pelos e-mails alucas@ufscar.br e carlos.scu@ufscar.br, respectivamente.