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Gisele Bicaletto - Publicado em 11-05-2017 13:00
UFSCar descreve espécies de plantas descobertas em Goiás
Exemplares do gênero Mimosa que integram o acervo do Herbário da UFSCar. Foto: Gisele Bicaletto
Exemplares do gênero Mimosa que integram o acervo do Herbário da UFSCar. Foto: Gisele Bicaletto
O professor Leonardo Maurici Borges, docente do Departamento de Botânica (DB) da UFSCar, em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Embrapa, descobriu três espécies de plantas no Brasil. As amostras foram coletadas no Norte de Goiás e serão descritas na UFSCar. Elas pertencem ao gênero Mimosa, que é muito diversificado no País e tem mais de 500 espécies descritas.

Atualmente, o pesquisador está descrevendo a morfologia (as características) das plantas encontradas e comparando-as com outras já conhecidas para comprovar o ineditismo das espécies descobertas. "Não é fácil definir se a espécie encontrada é mesmo nova. Precisamos de mais informações sobre a variação do organismo até confirmar que não existem espécies iguais", aponta o docente da UFSCar. Em paralelo a esse processo, também são apurados os locais de ocorrência das plantas e, após esse levantamento, é elaborado um artigo - com a descrição completa e o nomes das novas plantas - que certifica a existência das espécies e as disponibiliza para o uso de outros pesquisadores em todo o mundo. 

Além da descrição e da nomenclatura das novas espécies, Borges afirma que outro passo importante é estabelecer as relações entre elas. "Isso nos permite compreender a história evolutiva da biodiversidade, possibilitando inferir sobre seu surgimento, entender como as espécies se relacionam e fazer previsões sobre a distribuição de suas características", explica ele.

A ordenação, a classificação e a descrição dos seres vivos competem a um ramo da Biologia, chamado de Taxonomia. Esta ciência estuda as relações de parentesco entre os organismos e suas histórias evolutivas, sendo uma ferramenta importante na elaboração de inventários e descrições sobre a biodiversidade do planeta. "Todo esse processo de descrição é uma ciência básica que serve de referência para outras pesquisas que poderão ser aplicadas e revertidas em benefícios para a vida das pessoas. É um trabalho para o desenvolvimento de conhecimento biológico da diversidade e da história evolutiva dos organismos", destaca o professor. Ele afirma que o conjunto de informações levantado por estudos de Taxonomia  podem, por exemplo, embasar ações de conservação, auxiliando na definição de áreas de conservação, a partir do grau de diversidade das espécias. Um outro exemplo, é o uso desse conhecimento básico em trabalhos que buscam por espécias com aplicação farmacológica. "A Taxonomia é a base das Ciências Biológicas e, se for realizada incorretamente, as pesquisas acabam perdendo referenciamento", defende Borges.

Há pouco mais de um ano na UFSCar, ele tem intensificado os trabalhos na área de Taxonomia das plantas na Universidade, iniciando ações com alunos em estágios dentro dessa linha de pesquisa e elaborando projetos em busca de recursos que possam financiar as ações. Além disso, o docente está empreendendo esforços para fortalecer o herbário da UFSCar, instalado no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade. Atualmente, o acervo conta com três mil espécies catalogadas e a ideia é ampliar a coleção e estabelecer parcerias mais eficazes para identificação correta das espécies. "Com um acervo melhor, será possível realizar mais estudos na área de taxonomia e permitir que os trabalhos dos colegas fiquem mais bem embasados a partir da nossa coleção", garante Borges.

O docente também iniciou uma parceria com o Departamento de Estatística (DEs) da UFSCar por meio da qual eles avaliam o quanto as imagens digitalizadas de coleções de herbários são úteis para a aquisição de dados morfológicos. "A imagem tem limites de resolução e isso limita um pouco as informações que teríamos com a planta na mão", relativiza o pesquisador.

Nacionalmente, Leonardo Borges participa do projeto Flora Brasil, que é gerenciado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro e conta com a participação de pesquisadores de todo o País. O projeto tem por objetivo descrever todas as espécies da flora brasileira e disponibilizar as informações no Portal Flora do Brasil. O docente da UFSCar coordena o grupo responsável pela descrição do gênero Mimosa. "Essas novas espécies que estamos descrevendo aqui na Universidade serão inseridas no Flora Brasil e incluídas no herbário da UFSCar", diz ele. 

Outras ações, iniciadas pelo professor da UFSCar em conjunto com parceiros brasileiros e estrangeiros, também envolvem a padronização de linguagem para descrição da morfologia vegetal e aprimoramento de ferramentas online para produção de conhecimento em Taxonomia.